sexta-feira, 11 de abril de 2014

Ameaças à Biodiversidade: Açores

Biodiversidade» ou «diversidade biológica», conforme fixado no artigo 2.º da Convenção da Diversidade Biológica, é a variabilidade entre os organismos vivos de todas as origens, incluindo, inter alia, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais fazem parte; compreende a diversidade dentro de cada espécie, entre as espécies e dos ecossistemas.
As alterações recentes ao estudo da biodiversidade resultam da ação direta ou indireta de várias forças motrizes, ou promotoras de alteração sobre os ecossistemas (Proença, V. et al, 2009).
As causas diretas mais importantes da perda de biodiversidade e de alteração doa ecossistemas são as alterações ao uso do solo, a sobre-exploração de recursos, a poluição, a introdução de espécies exóticas, e o efeito das alterações climáticas (MEA, 2005).
No caso específico dos Açores os principais promotores da perda de biodiversidade são: as alterações ao uso do solo (pastagens), a introdução de espécies exóticas, e, a longo prazo, o efeito das alterações climáticas.

Alterações do uso do solo: A abertura de valas de drenagem associadas à agricultura e ao pastoreio, é uma ação que afeta gravemente o bem-estar e equilíbrio da vegetação aí existente, logo prejudicando a sua função na regulação da qualidade e quantidade de água. Com o incremento da necessidade de pastagens nos Açores, as turfeiras foram dessecadas e o gado introduzido. A presença de gado nas turfeiras afeta o musgão e a drenagem das mesmas, afetando gravemente a qualidade da turfeira e a sua capacidade de retenção de água.

A introdução de espécies exóticas: A introdução de espécies animais e vegetais em diferentes ecossistemas também pode ser prejudicial, pois acaba colocando em risco a biodiversidade de toda uma área, região ou país. No caso dos açores, mais concretamente na Ilha de São Miguel, seguem abaixo algumas das invasoras mais conhecidas:
  • A Conteira é uma planta invasora, originária dos Himalaias, tem uma grande capacidade de dispersão e nas áreas onde se desenvolve não permite o crescimento de nenhuma das plantas que fazem parte da Floresta Laurissilva.


  •  A Cletra é originária da Madeira e foi introduzida nos Açores para aumentar a diversidade de espécies existentes. No entanto, tornou-se invasora e atualmente é a planta invasora mais comum a elevadas altitudes.

  •   A Criptoméria foi extensamente plantada nos Açores para resolver os problemas de erosão do solo causados pela deflorestação. Porém, hoje em dia ocupa extensas áreas, não permitindo o desenvolvimento da floresta natural dos Açores, que também cumpre a função de proteger os solos e evitar derrocadas e cheias.

  •   O Incenso é uma planta originária da Austrália, muito utilizada para a criação de sebes de separação de pastagens porém, tornou-se selvagem ocupando extensas áreas junto das ribeiras e colocando em causa a sobrevivência de muitas plantas nativas dos Açores.

  •     O gigante  é uma planta originária do Chile que foi trazida para os Açores como planta ornamental. Esta planta aparece em zonas com pouca cobertura de árvores e pode crescer até diâmetros superiores a um metro, afetando a sobrevivência das plantas originárias das turfeiras. É das plantas que maior ameaça apresenta à vegetação natural, já que cada planta pode produzir cerca de 250 000 sementes que facilmente são espalhadas pelo vento.


O Efeito das Alterações Climáticas: As ameaças à biodiversidade açoriana resultantes das alterações climáticas prender-se-ão com os problemas derivados da erosão, desabamentos, alteração hidrológica, avanço de exóticas e fragmentação de habitats.

Fontes:

-          Millennium Ecosystem Assessment (2005). Ecosystems and Human Well-being: Biodiversity Synthesis.World Resources Institute, Washington, DC.

-          Proença, V. et al. (2009) Biodiversidade in "Ecossistemas e Bem-estar humano - Avaliação para Portugal do Millennium Ecosystem Assessment" Escolar Editora

-           Decreto Legislativo Regional n.º 15/2012/A, de 2 de abril, que estabelece o regime jurídico da conservação da natureza e da proteção da biodiversidade.  




quinta-feira, 3 de abril de 2014

Algas coralinas nos Açores um mundo a descobrir

Foram recentemente registadas duas novas espécies de algas coralinas para os Açores. Uma delas, Choreonema thuretii, vive parcialmente dentro de outra alga, como “parasita”. A outra chama-se Pneophyllum confervicola e foi encontrada a crescer sobre outra alga coralina.
Ambas são espécies de muito pequenas dimensões, podendo apenas ser identificadas ao microscópio electrónico. É provável que ambas tenham sido negligenciadas nos Açores devido ao seu reduzido tamanho e à sua forma de crescimento (parasita/epífita).

Fonte:

Revista  UAciência - "Algas coralinas nos Açores - um mundo a descobrir", publicada no passado dia 16 de março de 2014.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

O Valor da Biodiversidade

É difícil para a comunidade científica calcular de forma imediata a contribuição económica e financeira da biodiversidade para a sociedade. Contudo, é evidente que a vida humana depende diretamente da biodiversidade, na medida em que esta fornece ao ser humano alimentos, água, medicamentos, para além de constituir-se como fonte de muitas outras facilidades para a vida nas sociedades atuais. 
A biodiversidade possui valor social, cultural e também económico para a sociedade, na medida em que não fornece apenas os produtos diretamente extraídos da natureza, mas também uma variedade de Ecoserviços ao planeta, onde se inclui a sua participação na redução das emissões dos gases efeito estufa, na adaptação aos eventos climáticos ou naturais, o potencial de descobertas de novos produtos industriais como os cosméticos, ou para nossa saúde (medicamentos). Além disso devemos considerar também os serviços prestados que proporcionam as condições adequadas a uma vida saudável, lazer, conhecimento, respeito cultural e paisagens. 
A perda de biodiversidade, impulsionada por inúmeras atividades económicas que beneficiam e produzem valor económico para a sociedade, acabam elas mesmas e os lucros que produzem por ser insignificantes perante os custos da perda deste capital natural e das consequências irreversíveis que este fenómeno poderá causar no planeta.
No caso do Arquipélago dos Açores a biodiversidade para além do seu valor social e cultural desempenha um papel fundamental no desenvolvimento económico da RAA, por meio do sector turístico, principalmente, no segmento do turismo de natureza praticado nas ilhas.. De acordo com o investigador da Universidade dos Açores, Paulo Borges "o turismo e a natureza são dois elementos importantes para o desenvolvimento económico da Região, sendo isto possível com uma "natureza bem protegida e preservada". Assim, uma vez que o turismo e a biodiversidade apresentam-se como componentes interdependentes, torna-se necessário despertar as consciências dos operadores e dos viajantes para que cumpram a sua parte de responsabilidade global, na salvaguarda de espécies únicas e dos ecossistemas que compõem o nosso planeta.


Fontes:
- WWF (s.d.). Benefícios e custos do uso da Biodiversidade. Disponível [online] http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/biodiversidade/beneficios_custos_biodiversidade/

- Millennium Ecosystem Assessment, 2005. Ecosystems and Human Well-being: Biodiversity Synthesis. World Resources Institute, Washington, DC., 2005

sexta-feira, 28 de março de 2014

A importância da Biodiversidade

Parque Natural da Ilha de São Miguel


O Parque Natural da Ilha de São Miguel foi criado pelo Decreto Legislativo Regional n.º 19/2008/A, de 8 de julho e integra todas as áreas protegidas classificadas da ilha (desde reservas e monumentos naturais a paisagens protegidas, uma das quais eleita uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal), tendo em conta o valor natural dos espaços, numa perspetiva de conciliação da preservação da biodiversidade com o fomento da atividade económica pelo uso sustentável dos recursos. O Parque Natural da Ilha de São Miguel constitui a unidade de gestão dessas áreas e insere-se no âmbito da Rede Regional de Áreas Protegidas da Região Autónoma dos Açores.

Lagoa das Sete Cidades

Lagoa do Fogo

Pico da Vara

Ilhéu de Vila Franca do Campo
Pico da Camarinhas
Gruta do Carvão
Caldeira Velha



quarta-feira, 26 de março de 2014

Biodiversidade dos Açores em Números

          Os Açores são um arquipélago isolado de nove ilhas oceânicas, pertencente à região biogeográfica da Macaronésia, constituindo-se como uma das regiões mais ricas em fungos, plantas e animais da Europa.
            Atualmente, o número total de espécies e subespécies terrestres nos Açores está estimado em cerca de 6164 e os organismos marinhos em cerca de 1883, pertencentes a 16 filos.
            O número total de espécies e subespécies terrestres e marinhos nos Açores está estimado em cerca de 8047. 


Fonte:

Borges et al (2010). Listagem dos organismos terrestres e marinhos dos Açores (A list of the terrestrial and marine biota from the Azores). Cascais: Princípia Editora, Lda